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Colaboradores tiram dúvidas sobre Varíola dos Macacos em palestra no HSA
14 Jul

Colaboradores tiram dúvidas sobre Varíola dos Macacos em palestra no HSA

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O surto de Varíola dos Macacos, que tem colocado o mundo em alerta, foi tema de uma palestra na manhã desta quinta-feira (14/07), no Hospital Santo Amaro (HSA), mantido pela Santa Casa de Misericórdia do Recife. Conduzido pelo infectologista que atua na unidade, João Paulo França, o encontro contou com a presença de colaboradores de diversos setores da instituição, que puderam tirar dúvidas sobre os principais aspectos da doença, que já está presente em 11 estados brasileiros, incluindo Pernambuco.

O infectologista João Paulo França iniciou a palestra com um breve histórico, explicando que a doença existe desde 1958, na época detectada apenas em macacos, e que só em 1970 foi registrada em humanos. “Ao contrário do que muitos pensam, não são os macacos que transmitem. Os macacos foram vítimas, assim como nós, humanos”, disse, informando que são os roedores, sobretudo os esquilos, os principais vetores do vírus.

Com epicentro na África Ocidental, a Varíola dos Macacos foi migrando para a Europa, onde encontrou um terreno fértil para se espalhar. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 9 mil pessoas contraíram a doença, em cerca de 63 países. O grupo mais afetado neste surto atual é o de homens mais jovens. O surgimento do novo coronavírus também pode ter sido, segundo o infectologista, um fator agravante, que levou a mutações. “A pandemia de Covid-19 é uma potencializadora de muitas doenças”, afirma.

O vírus Monkeypox se espalha por órgãos e pele, e a transmissão é por meio do contato direto com o infectado ou com materiais infectados. “Pessoas que moram na mesma casa, que dividem espaços por muito tempo, relações sexuais, até mesmo com o uso de preservativo. É no contato físico próximo que está o maior risco de infecção”, diz o médico, acrescentando que o período de incubação da Varíola dos Macacos é geralmente de seis a 16 dias, mas pode variar até 21 dias. “A boa notícia é que, diferente do coronavírus, ela não é transmitida no período de incubação”.

Em relação aos sintomas, João Paulo descreve que os infectados apresentam, geralmente, adenomegalia, que são linfonodos inchados, uma vez que o vírus se replica no sistema linfático. O sistema retículo-endotelial também pode ser afetado em decorrência de uma viremia, ou seja, quando há a presença de partículas virais no sangue. Na pele, surgem as erupções cutâneas agudas, com pústulas (bolhas). Em alguns casos, esses sintomas principais estão acompanhados de dor de cabeça e febre. “Daí começa a batalha entre o sistema imune e o vírus”, destaca o médico.

A pessoa infectada precisa se isolar totalmente até que as bolhas desapareçam da pele e entre as orientações médicas está o uso de anti-histamínicos e a hidratação das lesões. A cura da Varíola dos Macacos geralmente vem com o tempo, sem necessidade de tratamentos complexos, mas a doença pode se manifestar de forma grave em alguns indivíduos, como crianças menores de oito anos, mulheres grávidas ou pessoas com imunossupressão devido a outras condições de saúde.

“Há uma preocupação grande em relação às gestantes, uma vez que o vírus causa malformações em fetos e pode ser transmitido em partos naturais. Além disso, lactantes que se infectam são impedidas de amamentar ou doar leite até a cura total da doença”, explica. A detecção da Varíola dos Macacos é semelhante à da Covid e outras doenças infecciosas. Podem ser realizados testes com swab seco, exame PCR para monkeypox, exames de sangue e análise de fragmentos das crostas da pele.

Assim como na detecção, a prevenção também se dá com os mesmos cuidados de sempre quando falamos em doenças causadas por vírus: isolamento do paciente, higienização frequente das mãos, uso de máscaras (e, no caso dos profissionais de saúde, de toda a paramentação necessária) e, claro, com a vacina. “A tecnologia da vacina contra a varíola já existe e ela protege até 85% da doença. Essa é a boa notícia. Porém ela não está mais presente em nosso calendário vacinal, pois a varíola comum foi erradicada há 50 anos. O nosso desafio agora é retomar essa imunização em escala global”, conclui o infectologista.